quinta-feira, 13 de novembro de 2008

suspenso e úmido


piche s/ tubox 120 x 150 cm 2008

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

"Separo-me de mim."


oil bar e grafite s/ canson. 30 x 42 cm - 2008

“O desenho não é a forma, é a maneira de ver a forma”. Com este famoso aforismo, Degas deixava intrigado o poeta Paul Valéry, que tentava então chegar a uma resposta sobre o que significaria “a maneira de ver a forma”: modo de ser, poder, saber, querer, modo de acrescentar (ou subtrair)um traço e modificar a percepção das coisas.
Os desenhos de Edson Castro parecem, à primeira vista, resultar de gestos espontâneos. Parecem projeções de movimentos livres do corpo e da mão. Não têm forma, não remetem às coisas reconhecíveis do mundo. Resumem-se em linhas e campos de cor. Edson pinta com o desenho e desenha colorindo. Na aparente facilidade do resultado, no entanto, opõem-se o domínio da superfície, as relações entre campos de cor e grafismos, a experiência e o conhecimento da luz e de cada sensação deflagrada a partir dela. Assim, não é de se estranhar que ao lado de grandes áreas coloridas com contornos secos e grafismos puros abram-se os vazios do papel, como se chegassem ao nada; ou, ao contrário, a imposição do desenho no centro do papel, remetendo à aridez da textura branca do tubox, sugerindo formas sem a garantia do sentido. O enigma da arte. Lembra Kandinsky.
O enfrentamento do papel, do grafite e do bastão a óleo, presente na maioria dos trabalhos, demonstra que, em se tratando de arte, a economia dos meios não implica a repetição, mas provoca a capacidade de escolha, combinação e distribuição das seqüências, tornando-as únicas, irrepetíveis.
O grande lance dos trabalhos de Edson Castro: são únicos, enquanto atos de razão; são irrepetíveis como os gestos e o corpo de cada um.

Maria Adélia Menegazzo
Critica de arte e Professora da UFMS

Screaming silence

oil bar e grafite s/ canson. 30 x 42 cm - 2008